Cuidados

Organização para prevenir desastres naturais ganhará Plano com protocolos

Com 317 milímetros de chuva só em setembro, a cidade está em fase de elaboração do Plano de Resiliência para evitar maiores impactos

Foto: Adilson Delgado - Sanep - barragem. Santa Bárbara é um dos pontos do Município com constante atenção para evitar potenciais acidentes, como rompimentos

Um carro de som circulando por áreas que geralmente alagam em Pelotas, alertas de eventos severos disparados por várias plataformas digitais, instalação de uma Sala de Crise no Corpo de Bombeiros, sistema da Defesa Civil do Estado com a emissão de mensagens por SMS e casas de bombas funcionando ininterruptamente. Assim, Pelotas conseguiu evitar maiores problemas com os 139,4 milímetros de chuva de segunda a quarta-feira, que totalizam 317 milímetros só em setembro, 133% a mais que o esperado para todo o mês. Diferentemente dos episódios de julho, quando os ventos causaram muitos estragos na cidade, o volume de chuva atingiu cinco famílias que precisaram ir para casa de parentes, mas já retornaram. Diante de tantas mudanças no clima, o Executivo elabora um Plano de Resiliência que deve ser lançado em outubro.

Previsto só para o próximo mês, as medidas poderão ser colocadas em prática, uma vez que o fenômeno El Niño só deve perder forças em dezembro, segundo sinalizou o professor de Meteorologia da UFPel, Julio Marques, durante uma reunião da Coordenação Regional de Proteção e Defesa Civil, na sede da Azonasul. Tanto que ainda segue o alerta para o aumento do nível da lagoa Mirim e canal São Gonçalo, embora a virada do vento para o quadrante norte favoreça o escoamento para a lagoa dos Patos. Tem ainda a previsão de chuva já para segunda-feira, mas não tão volumosa. De acordo com o Centro de Pesquisa e Previsão Meteorológica (CPPMet) da UFPel, a previsão é de 20 milímetros.

Diante de um clima tão instável, com o combo de calor, chuva e vento em pleno inverno, medidas para prevenir ou amenizar desastres naturais como cheias, alagamentos, deslizamentos (principalmente na área rural), a Prefeitura de Pelotas ampliou a comunicação para facilitar o acesso às informações, principalmente nas comunidades mais suscetíveis a alagamentos. O carro de som serviu para alertar a população, nos bairros, sobre os canais de contato dos órgãos públicos como Defesa Civil e Bombeiros. A partir dos alertas do Estado, a primeira ação da Defesa Civil Municipal foi realizar reunião com a prefeita Paula Mascarenhas (PSDB) e representantes de todos os órgãos de resgate e assistência envolvidos, que ficaram de prontidão para chamados de socorro, de distribuição de telhas, lonas, agasalhos, resgates ou abrigamento. Mesmo assim, as medidas não são suficientes e por isso o Executivo trabalha com ações a longo prazo.

Plano de Resiliência
De acordo com o assessor especial da Prefeitura, Luiz Van Der Laan, está previsto para outubro o lançamento do Plano de Resiliência. “O objetivo do plano é desenvolver ações capazes de tornar a cidade mais preparada para prevenir, enfrentar e superar as suas adversidades. O propósito inicial é, sempre o mais importante, a prevenção, qualificando cada vez mais as práticas de redução de desastres, mitigando sofrimentos, buscando alternativas e gerando oportunidades”, diz Van Der Laan, responsável pela elaboração do projeto.

Segundo ele, a partir do momento em que o governo estadual divulgar o estado de alerta, serão acionadas pelo Gabinete da prefeita ou pela Defesa Civil as notificações para a ativação do protocolo, quando será montada uma Sala de Crise ou Operações para atuação conjunta - um espaço com infraestrutura e representantes das secretarias e instituições envolvidas, atuando 24 horas.

De olho na barragem Santa Bárbara
Durante o período de chuva, o boato que circulou pela cidade de que abriram as comportas da barragem Santa Bárbara deixou muitas pessoas em pânico. Ocorre que deste a vistoria feita em 2017 pelo Ministério da Integração Nacional, em função do Plano Nacional de Ações Estratégicas para Reabilitação de Barragens da União (Planerb), foram realizadas várias melhorias no local que represa água, para torná-lo mais seguro. Com conclusão em 2019 e aprovação da Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), periodicamente é feita manutenção nos equipamentos e há dez o pluviômetro é verificado diariamente.

A diretora-presidente do Sanep, Michele Alsina, explica que na época foram feitas a supressão de árvores nas ombreiras do barramento e semestralmente é feita a limpeza do canal de drenagem, além da recuperação da comporta do canal de expurgo e a instalação de piezômetros. Michele garante que periodicamente são realizadas a limpeza do montante e jusante do maciço, com retirada de vegetação e resíduos; o monitoramento de estragos causados por formigas e o preenchimento com saibro argiloso dos buracos existentes a jusante do maciço. Ainda foram colocados o meio-fio e pavimentação do maciço, além do controle de circulação de pessoas através de vigilância.

No entanto, após a alteração da Lei Federal 12.334/2010 pela a 14.066/2020, o Executivo Municipal ainda precisa fazer o Plano de Ação de Emergência, que é uma ferramenta importante na gestão das barragens e obrigatória. O processo licitatório para execução do Plano de Ações Emergenciais ocorrerá ainda em 2023.

Ação rápida
Em função das mudanças climáticas, o Sanep tem 12 pluviômetros, sendo um em cada uma das sete casas de bombas, um no arroio Pelotas e um em cada uma das quatro Estações de Tratamento de Água. “É importante deixar claro que eles servem para controle e operação do sistema de drenagem. Toda a parte de defesa do Município contra cheias é de competência da Defesa Civil”, destacou.

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